quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

"I do my smiling in the rain."

Acho que não vai mais parar de chover por aqui... Meu guarda-chuva já não sabe mais o que é estar seco. Minhas roupas no varal não conseguem ficar secas. Meus sapatos estão sempre molhados. As poucas calçadas que existem estão repletas de poças maiores do que a capacidade das minhas pernas para pulá-las. As ruas estão repletas de verdadeiros lagos, por onde os carros passam e me molham sem cerimônia. O céu, já sem esperança, está encoberto por nuvens espessas. O vento sopra gelado, rebocando as pessoas e seus guarda-chuvas. Chove e chove chuva sem parar por aqui. Resumindo: Brasília cheira depressão pluviométrica.
Cansada de me proteger de tanta água por todos os lados, decidi fechar o guarda-chuva e deixar que a garoa da manhã me molhasse. Ela caía fininha, suave e ía tomando conta do que ainda estava seco: aos poucos já sentia no meu rosto uma umidade leve e gostosa. Quando dei por mim, estava carregando um sorriso idiota e caminhava como se tivesse molas adaptadas aos meus sapatos vermelhos. Apesar de toda a tristeza que uma chuva insistente pode inspirar, eu estava ali, feliz e cheia de vida, satisfeita com a garoa que caía e me umedecia de mansinho. Há muito tempo não me sentia assim: feliz, acima de tudo, apesar da chuva ou de qualquer outro contratempo. Sim, não sou mais a mesma, sinto que algo em mim mudou. O que mudou exatamente eu ainda desconheço, mas sei como cheguei até aqui. Isso me basta. E a chuva tímida da manhã me mostrou isso.

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