segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Descoberta: Summer Camp

Sabe aqueles dias em que você tem tempo de verdade para pesquisar e descobrir coisas legais na Internet? Pois é... Eu quase nunca consigo ter isso, mas hoje, entre um momento de ócio e outro, descobri a banda Summer Camp, composta pelo casal Elizabeth Sankey e Jeremy Warmsley. O estilo de música deles é indie pop e me fez curtir uma nostalgiazinha da década de 80. Na primeira semana de novembro, o Summer Camp lançou seu primeiro álbum: "Welcome to Condale", graças ao financiamento dos fãs via Pledgemusic

Bom, me amarrei na música Better Off Without You e quis dividir o "achado" com vocês. Espero que gostem!



Better Off Without You

Stop callin' me late at night
To talk about what's wrong
I don't care anymore
You waved that right so long
it's so annoying when you whine
You were always wasting my time
I used to care and want you back
But now I think you're going off track
And if you said you're never comin' back
I'd be so happy, I'd be so happy
I'd last the whole night long

I'm better off without you
We both know that it's true
I'm better off without you
Stop calling me, you gotta stop callin'
Stop calling me, oh gotta stop

Talking to all my friends
They told me when we split
They didn't ever like you
Now they've lost all sympathy
It's so embarrassing when you cry
You were always spreading these lies
I used to miss you all the time
But now I think you're not so fine
And if you said you'd never waste my time
I'd be so happy, I'd be so happy
I'd last the whole night long

I'm better off without you
We both know that it's true
I'm better off without you
There is no need, there is no need,
There is no need

He doesn't want you, can't you see?
He doesn't love, why won't you listen to me?
He doesn't want you, can't you see?
He doesn't want, why won't you listen to me?

I'm better off without you
We both know that it's true
I'm better off without you
Stop calling me, you gotta stop callin'
Stop calling me, you gotta stop callin'
Stop calling me, you gotta stop! 

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O Quase Fim de uma Bela Amizade

Ela passaria pela cidade por apenas um dia, mas decidiu que estava na hora de revê-lo. Afinal, os dois sempre foram tão próximos, sempre conversaram sobre seus problemas, sentimentos. Tinham gostos parecidos e pareciam ser menos amigos do que sempre se consideraram. Ela decidiu enviar uma mensagem, meio de comunicação comumente utilizado por eles. A resposta foi imediata e positiva; ela só tinha que dizer a hora e o local.

...

21h30. Pontual, lá estava ele, com aquele sorriso cheio de dentes, nas roupas que habitam o seu estilo não-estou-nem-aí-pro-que-dizem-de-mim. Ela também retribuiu o sorriso e se vestiu, mais uma vez, tão bem e tão sem esforço. O abraço com 8 anos acumulados de saudade parecia não ter fim. Decidiram o passeio e partiram.

...

"Nossa, nem parece que a gente está distante há tanto tempo!"
"Sim! É incrível imaginar que estamos sempre em contato por email, rede social, mensagens de telefone. Nós nem nos telefonamos."
Silêncio breve.
"Bom, mas há quanto tempo mesmo a gente não se vê, não se encontra fisicamente?"
"É... A última vez... A última vez foi quando a Tati comemorou o aniversário dela naquele boteco bacana... E a gente esticou na casa da Alê! É isso! Bom, isso aconteceu há... há... 8 anos..."
Ele engoliu a saliva mais seca dos últimos tempos. Ela não sabia como continuar a contar os detalhes do último encontro. Aliás, ela nem precisava: ele já se lembrava muito bem.
Silêncio longo, quebrado pelo garçom que, providencialmente perguntou se eles gostariam de pedir mais alguma coisa.
"Eu já estou satisfeito, obrigada! E você?"
"Eu também! Acho que a gente já pode pedir a conta, né?"
(Puxa... Eu não queria ir agora... E ela já quer a conta... Idiota! Quem mandou dizer que está satisfeito?! Muito burro!)
(Ele já deve estar cansado. Aliás, acho que ele deve estar é numa saia justa sem fim! Burra! Porque você tinha que dar tantos detalhes do último encontro??? Bastava fazer as contas e ser direta! Idiota!!!)
"Aqui está conta."

...

(Já sei... Acho que posso sugerir uma caminhada! Será que ela topa?)
(Que saco... Eu não queria ir pro hotel agora!)
" E aí? Você quer pegar um táxi? Ou quer caminhar um pouquinho?"
"Caminhar? Claro! A gente pode passar naquela casa de sucos que fica no caminho!"
"Perfeito! Eu topo!"

...

A conversa parecia não se esgotar. Já haviam se passado mais de 7 horas.
(Eu preciso falar sobre aquele beijo que não aconteceu... Sobre aquele abraço esquisito... Ai... Mas como fazer isso? Como perguntar sobre isso? Ele pareceu tão incomodado com o assunto...)
(Cara, como é que eu vou falar pra ela que eu me arrependi de não ter ido atrás dela naquele aeroporto? Será que ela vai me aceitar? E se ela disser que foi melhor do jeito que foi? Como é que vai ser?)
Faltavam apenas uns 15 metros até a porta do hotel.
"Bom, não sei quando eu vou passar por aqui de novo. Sabe como é, né? Meu trabalho é uma loucura só..."
(Cara, eu preciso dizer alguma coisa pra ela, mas não seria justo... Ela tem alguém...)
"É, eu entendo... O meu também tem me deixado maluco!"
Silêncio breve. Salivas mais secas. Corações disparados e à distância.
(É agora ou nunca... Acho que vou me manter quieta. Melhor assim. Ele é meu amigo. E só.)
"A gente se vê não sei quando, mas vamos manter contato!"
"Claro que a gente vai manter contato! Cara, como foi bom ter encontrado você de novo!"
"Digo a mesma coisa! Você precisa me visitar!"
"Eu vou tentar! Eu juro! Vamos combinar isso direito!"
Despedida. Abraço longo. 
E continuaram amigos mais uma vez.

Do site "Picture Book" (http://picture-book.com/taxonomy/term/1926).
Ilustração de Roberta Baird.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Problema meu? Não! Problema nosso!

Antes de prosseguir com o post, gostaria de dizer que não sou feminista. Já manifestei isso aqui no blog, num outro post, mas é sempre bom repetir... Penso que radicalismo, de maneira geral, não é uma boa ideia. E, por isso também, não apoio o machismo e suas variações (entre outros vários motivos...).

Bom, cá estou eu curtindo minhas merecidas férias, de volta à minha origem fluminense! Comecei minha peregrinação no Rio e segui para Volta Redonda, minha cidade natal, onde não pisava há 7 meses. Para aqueles que não sabem, VR é uma cidade localizada no sul do Estado do Rio de Janeiro, conhecida como a Cidade do Aço, graças à instalação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). VR tem cerca de 400 mil habitantes e funciona como pólo de estudo, trabalho e diversão. Entre uma conversa e outra sobre as muitas questões mais polêmicas que habitam o espaço entre o céu e a terra, escutei a seguinte colocação feita por uma integrante do sexo feminino: "(...) mas, Bianca, as tarefas domésticas são, de certa forma, de responsabilidade da mulher."


Pára tudo.  o.O

Do site http://www.jan-leasure.com/spring-cleaning-tips.


Ouvir aquela colocação me deixou tão irritada, que acho até que perdi um pouco a linha na hora... Primeiro, isso coloca no lixo todos os anos de luta do Movimento Feminista, que buscou (e ainda busca) a igualdade de direitos para homens e mulheres. Não sou (tão) inocente para afirmar aqui que as mulheres já competem em pé de igualdade com os homens no mercado de trabalho, nem que elas recebam salários compatíveis com as mesmas horas trabalhadas por eles. Também sei que, ainda hoje, as mulheres são discriminadas em certas profissões simplesmente por não serem do sexo masculino. Mas não podemos mais continuar pactuando com a ideia de que tudo o que se refira à limpeza e à organização de um lar seja de responsabilidade exclusiva das mulheres.

Do site http://o5.com/daily-weekly-and-monthly-cleaning-checklists-for-every-room.


Além disso, foi impossível não parar pra pensar na minha condição: casada, dividindo espaço com um ser humano do sexo masculino, os dois trabalhando para sustentar a casa. O que faz de mim a única responsável por organizar o ambiente onde vivemos? O que faz de mim a única pessoa escolhida para se importar com a limpeza da casa que habitamos? Hein? Hein? 


Se existem duas (ou mais) pessoas morando no mesmo espaço, por que é que o elemento do sexo feminino é quem deve se preocupar com a limpeza e a organização? Os homens são imunes à sujeira e à desorganização? A falta de limpeza e organização somente faz mal à saúde das mulheres? Os homens são, por um acaso, incapazes de reconhecer as melhorias que podem ser implementadas numa casa? Tenho certeza que não.


Então, por que ainda ouvimos esse tipo de colocação?


Do site http://www.bgrservice.com/services.


Na minha opinião, ainda existem muitos machistas por aí, homens e mulheres. Sim, mulheres. O pensamento machista afeta os dois grupos. Um sustenta o posicionamento do outro: para mulheres que aceitam a responsabilidade das tarefas domésticas, há homens dispostos a não se responsabilizarem por elas. Uma atitude alimenta a outra.


E será que este tipo de pensamento se esgotará um dia? Não sei. Só sei que EU não serei responsável por passá-lo adiante. Ever!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

A Dignidade dos Problemas

Acompanhei na última semana a enxurrada de "shares" para o vídeo de um rapaz iraquiano que participa de (mais) um programa à procura de novos talentos. Você não viu ainda? Não sabe do que estou falando? Então assista ao vídeo logo aqui, ó:


Bom, o Emmanuel Kelly, conforme dados fornecidos pelo vídeo, é iraquiano de origem e tem um irmão (que também aparece no vídeo). Os dois têm deficiências decorrentes de guerra química e foram deixados dentro de uma caixa de sapatos, literalmente abandonados no meio do caos. Mas a sorte decidiu sorrir para os dois: foram adotados por uma australiana que os ama como filhos. O tempo passou, Emmanuel sempre quis se apresentar como cantor, decidiu passar por cima de sua condição de portador de deficiência e foi dar a cara a tapa no Programa X-Factor da Austrália. (E o cara canta bem!!!)

Não, este post não tem por objetivo divulgar mais uma vez a história do rapaz. O que me fez recapitular isso tudo e parar para escrever um texto para este blog foram os comentários das pessoas ao fazerem a divulgação do vídeo. Eram intermináveis as declarações do tipo "meus problemas não são nada", "me sinto um idiota por sofrer com os meus problemas", "nossa! isso é que é problema!", "ai, como sou patética com os meus problemas tão pequenos". E por aí vai...

Minha gente, a primeira coisa que me passou pela cabeça ao assistir o vídeo foi "cascalho! o cara é um sobrevivente! que exemplo de atitude positiva!". A segunda coisa foi: "cascalho! o cara canta muito!". A terceira e última: "Imagine do Lennon?! putz! bom demais! já tá ganho!". E só. Em momento algum eu me achei idiota por estar preocupada com o marido da minha tia que está com um problema seríssimo de coração, nem me senti patética por chorar no dia do aniversário do meu pai que já faleceu e muito menos boba por não parar de pensar nas minhas contas. O que eu quero dizer com isso?

O seu, o meu, os nossos problemas não são menos importantes do que aqueles problemas enfrentados pelo Emmanuel, seu irmão ou a mãe deles. Cada questão tem uma dimensão e um significado na vida de cada um. Esse lance de ficar vendo os problemas dos outros e ficar achando que você está bem porque o seu próprio problema é 'menor', porque o outro está mais ferrado do que você, parece muito errado pra mim. O meu legado, o seu, o do Emmanuel pertencem a pessoas diferentes, que sentem de maneira diferente, que têm uma história diferente. Não é justo criar uma única escala, medir a importância dos problemas das pessoas e dizer quem é que pode ou não sofrer.

O que importa pra mim, na verdade, é o que as pessoas fazem com os problemas que "recebem", a capacidade delas de fazer ou não caipirinha com os limões que a vida dá! No caso do Emmanuel, o cara é um sobrevivente, que não ficou trancado em casa choramingando pelos cantos. Esse tipo de atitude me inspira a buscar soluções para as minhas questões e não julgá-las sem importância e dignas de serem deixadas pra lá.

Pronto. Era esse o meu recado. Podem me odiar se quiserem. Mas acho que todos os problemas são dignos de atenção e respeito. E tenho dito.

domingo, 14 de agosto de 2011

Sobre o masculino

Lá estava eu a ter minha paciência testada com todas as declarações sobre o dia dos pais... Mais um ano em que sou bombardeada com toda a propaganda, as mensagens, o blá-blá-blá sobre os heróis da casa, etc e tal. Tudo isso continua a me fazer mal e a me desgastar. Fujo o quanto posso dessa coisa toda, mas o Universo curte dar aquela torturadinha na minha pessoa...


Bianca: "Oi, boa tarde. Eu quero levar essa sombra. Quanto custa?"
Vendedora: "Oi! Ah! Ela tá em promoção! O preço está ótimo! Só 39,90."
Bianca: "Tá bom. Vou levar."
Vendedora: "Por que você não aproveita e leva também o lápis? Tudo para os olhos está em promoção!"
Bianca (querendo resolver tudo o mais rápido que pudesse pra poder sair do maldito shopping): "Não, obrigada. Eu quero somente a sombra."
Vendedora: "E o presente pro seu pai? Você já comprou? Aproveita! A gente tem..."
Bianca (cortando a vendedora): "Obrigada, mas meu pai já faleceu."
Vendedora (insistente e sem noção): "E pro seu marido?"


Bom, não vou me prolongar contando o resto da cena... Aqueles que me conhecem já sabem a cara que eu fiz e que estava a um passo de deixar a mulher falando sozinha. Bom, vou abrir um parêntese aqui pra fazer um comentário sobre um assunto, que não será o tema deste post: o intrometimento de certos vendedores. Cara, alguns deles não têm uma gota de desconfiômetro! Se uma pessoa diz que vai levar somente uma coisa, deixe-a levar aquilo que foi buscar. E mais: "seu marido?!" E se eu fosse lésbica?! E se fosse viúva?! Alguém tem que colocar um freio nessa indiscrição-em-nome-dos-lucros! E fecho o parêntese!

Como já disse, o ponto deste post aqui não é a indiscrição dos vendedores, mas minha reflexão sobre mais um dia dos pais sem o meu pai. A gente até cria um certo calo por conta da vida, e eu, pelo menos, sempre acabo refletindo sobre a falta do meu pai.

Neste ano, acabei, por acaso, assistindo a um episódio da segunda temporada de Mad Men, em que Don Draper, numa conversa com seu filhinho, fala sobre não ter mais seu pai. Daí, o pequeno responde: "We have to find you a new Dad!" (Nós temos que achar um novo pai pra você!). (Mais uma torturadinha do Universo, bem no Dia dos Pais!)

Well, comecei a pensar nisso, no fato de encontrar um "new Dad"... E pensei, também, na ausência de figuras masculinas ao longo da minha vida: meu avô materno faleceu 7 meses antes de eu nascer; meu avô paterno saiu de casa e não queria netas, só netos; meu pai faleceu quando eu tinha 16 anos. Gente, sempre fiquei cercada por um universo de mulheres: mãe, duas irmãs, duas avós batalhadoras, mais de 10 tias. (Isso sem falar das minhas roommates...) Na minha casa, não tínhamos um garoto que fizesse as coisas, não tínhamos um rapaz que chamasse o garçom, não tínhamos um homem que cuidasse do carro. Éramos meninas que tinham de fazer de tudo. 

Depois de reconhecer o inevitável, comecei a pensar no quão masculina eu me tornei ao longo desses anos... Não quero que vocês entendam que eu falo grosso, só tenho calças no meu armário ou, ainda, tenha uma queda por garotas. O que eu quero dizer é que comecei a ficar cada vez mais pró-ativa, tomando a iniciativa de fazer as coisas, consertando o chuveiro, usando a furadeira, chamando o garçom (mesmo acompanhada de 'um homem'), negociando assentos no cinema, entendendo como funciona um carro, sendo menos sentimental e mais prática nos meus relacionamentos... 

Acho que ao invés de achar um "new Dad", me aproximei de várias figuras masculinas e decidi aprender com elas, decidi fazer por mim o que não pude conseguir a partir do meu pai, dada a sua ausência forçada. Eu tive sete namorados, gente! (Minha pesquisa de campo foi incrível!) Quando comparo a Bianca que eu era aos 16 anos, sempre boba e romântica, com aquela que sou hoje, fico um tanto surpresa. E começo a pensar que a ausência física do meu pai não foi tão prejudicial assim.

Sei que, ao ler esta minha declaração aqui, muita gente vai achar que sou insensível. Não me importo com isso. O que me importa é que eu tenho uma história linda pra contar sobre o pai mais maravilhoso do mundo, que cuidou sempre de mim e que, se ausentando, me deu a enorme chance de crescer e ser a mulher-meio-homenzinho que sou hoje. A ele, a minha gratidão... e meu manifesto de sempre-saudade.


terça-feira, 2 de agosto de 2011

Precisão

"O que me tranquiliza é que tudo o que existe, existe com uma precisão absoluta. O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete não transborda nem uma fração de milímetro além do tamanho de uma cabeça de alfinete. Tudo o que existe é de uma grande exatidão. Pena é que a maior parte do que existe com essa exatidão nos é tecnicamente invisível. O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas. Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição." (Clarice Lispector)



quarta-feira, 20 de julho de 2011

Sobre Paris e a fuga do real...

Como boa fã de Woody Allen, fui correndo assistir Meia-Noite em Paris, último filme do diretor-roteirista-ator. Bem, sobre o filme não tenho nada de negativo a dizer: me diverti horrores (graças às referências feitas a todos os escritores e pintores que conheço bem), as atuações foram muito boas (não gosto do Owen Wilson, mas confesso que ele me convenceu no filme), o roteiro é muito legal e as cenas de Paris são ótimas. Aliás, indico o filme a todos aqueles que entendem de arte e literatura (e aos que não entendem, é uma boa oportunidade para começar a entender)!

Sacre Coeur ao fundo.
Bom, assistindo o filme, foi impossível não pensar em escapismo, afinal de contas, o Movimento Romântico reside exatamente nisso. E quer lugar melhor pra fugir da realidade do que Paris??? A cidade é linda: a arquitetura é muito diferente daquilo que estamos acostumados a ver no Brasil, os museus estão repletos de história viva, os monumentos são lindos e conservados. O lugar é perfeito pra viver uma realidade paralela! Não é à toa que o personagem do Owen Wilson "viaja" pacas!


Dizem por aí que a cidade também é o lugar pra se viver histórias de amor, cheias de romance, passeando pelos cafés, curtindo a comida e o vinho refinados. E são vários os casais que escolhem a cidade das luzes para passarem sua lua de mel, acredito eu, em busca do tal romance mágico... E ainda existem outras pessoas que, "avulsas", buscam encontrar o tal romance nos braços de um típico francês, ou típica francesa.

La Tour Eiffel!
Já estive em Paris por 4 vezes... Mas confesso que não morro de amores por este canto da Europa. Nem vou discutir as circunstâncias, mas o fato é que eu decidi conhecer a cidade pelos elogios feitos por outras pessoas e não por uma curiosidade legitimamente minha. Andei, andei, circulei de ônibus, metrô e táxi, me perdi e me achei na cidade, curti a noite e o dia... Mas não consegui me apaixonar pelo resultado.


Eu até busquei viver o meu "romance mágico" lá por aquelas bandas: Marcio e eu já estávamos separados há 2 meses, por conta do período em que estava trabalhando no Consulado em Londres, e nosso reencontro acabou sendo em Paris. Meu coração estava disparado, enquanto fazia o percurso de trem; contava os minutos pra ver o Marcio ao vivo novamente. Sim, o reencontro na estação foi mágico, mas a sequência de fatos posteriores ficou aquém das expectativas...  =P Culpa de Paris? Não sei!

Museu do Louvre e sua Pirâmide.
Como já disse, a cidade enche os olhos... E este tipo de sentimento só me faz querer voltar a um lugar para apreciá-lo mais uma vez, para conseguir fazer aquilo que não tive tempo na última vez, mas não para querer conhecê-lo profundamente, querer vivê-lo no dia a dia, descobrir cada delícia da rotina que se descortina na esquina. Pra ser sincera, isso eu sinto por Londres (where part of my heart is...).


Acho que a popularidade de Paris é mais feita de fama e propaganda do que de resultados efetivos. Aliás, aquele lugar vive recebendo pessoas em busca de fugir da realidade, atrás da fantasia contada pelos outros, tentando achar um paraíso terrestre, onde o romance é mais gostoso e o passeio é mais chique. E mais: os parisienses não estão nem um pouco preocupados em sustentar a farsa - são antipáticos e xenófobos.

Le Jardin des Tuileries.
Resumindo: não concordo com o desespero por morar em Paris. Voltando ao filme, o personagem de Owen Wilson estava disposto a mudar-se pra lá, porque acreditava que o lugar era sua fonte de inspiração. Eu quero acreditar que o Woody Allen estava sendo irônico quanto a isso. Quero muito. Porque eu só entendo a necessidade de dormir, acordar e ganhar o sustento naquela cidade se você estiver perdido, sem entender muito bem a sua realidade.


Last but not least, amores são especiais porque são especiais. Romance existe onde as pessoas o vivem. Parisienses, na sua maioria, não são amáveis.

Arco do Triunfo.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Lá pelas bandas do Uruguai...

Estava eu lá pras bandas de Montevidéu na última semana. Aliás, essa foi a primeira vez em que pisei na Ex-Província Cisplatina. Pois bem, minhas impressões sobre a cidade foram as melhores: limpeza, organização, tranquilidade, preços interessantes para quem ganha em reais, pessoas bonitas (principalmente os homens...), comida boa. 


Sanduíche fino de pão branco com capuccino no Café Oro de Rhin.


Os índices do país também são interessantes. 97% da população é alfabetizada (de verdade) e a educação não é somente um direito, mas uma obrigação. Desde jovens, os uruguaios acordam para as artes: a maioria da população é muito ligada em teatro e cinema (pude ver eu mesma isso: tropecei em salas de cinema, exibindo não somente os blockbusters norte-americanos, mas também muito filme espanhol, por exemplo.). A capital, Montevidéu, é considerada a cidade latino-americana de melhor qualidade de vida e se encontra entre as 30 cidades mais seguras do mundo, algumas das razões pelas quais foi escolhida para ser sede administrativa do Mercosul. De acordo com uma colega do Itamaraty, aquilo lá é "Montevidão". ;)  Bom, falo de tudo isso pra contar algumas outras histórias sobre o que vivenciei por lá.

Plaza de Cagancha. Vista da janela do hotel.

Uma coisa que não considerei muito legal no país foi o fato de o aeroporto ser "fechado" para táxis comuns. Outra: existe somente uma linha de ônibus, que passa uma vez a cada hora, que leve as pessoas até o Centro de Montevidéu. A única opção para sair do aeroporto acaba sendo a companhia de táxi particular, que cobra até o dobro pela corrida. No meu caso, tive que desembolsar 1.145 pesos, o equivalente a quase 114 reais. Na corrida da volta ao aeroporto, paguei apenas 550 pesos, ou quase 55 reais. o.O

Na primeira noite, saí com outras duas colegas para um jantar, próximo ao Mercado do Porto. O restaurante era muito aconchegante, a temperatura estava baixa e a gente só pensava em carne e vinho. Pois bem, assim o fizemos: nos esbaldamos com os pratos carnívoros e saboreamos uma boa garrafa de Pinot Noir. Dada a minha posição na mesa, tive a visão privilegiada do balcão: era um grupo de homens olhando pra gente e cochichando de vez em quando. Achei que estávamos arrasando e deixei pra lá.


Teatro Solis.
Dia seguinte: Reunião do Comitê de Fronteira, Grupo de Trabalho sobre Educação. Papo vai, papo vem, meus coleguinhas uruguaios mandaram a seguinte (já traduzido pra facilitar a vida): "As mulheres não se sentam sozinhas à mesa de um bar para beber... Isso não é visto com bons olhos. Sempre há um homem para fazer companhia." Gente, pára tudo! Rolou aquele momento de epifania: Bianca, você está numa região muito TFP (para aqueles que não conhecem, isso significa Tradição, Família e Propriedade), basta se lembrar de que logo ali está o estado do Rio Grande do Sul. Foi aí que tudo fez sentido sobre os homens ficarem "mirando" as moçoilas enquanto elas bebiam e gargalhavam sem parar!


Uma das várias churrasqueiras no Mercado del Puerto.

Outra historinha. Estávamos tomando o café da manhã (muito bem servido, cheio de coisinhas gostosas - Hotel Balmoral Plaza), quando não pudemos deixar de reparar num casal de brasileiros. Ele sentou-se à mesa e ela o servia igualzinho a uma mucama: "Eu quero com leite, viu?" "Nãããão! Você colocou muito leite!" "Eu quero mais pão. Pega lá." Entendo que algumas mulheres se amarram em servir os namorados e maridos, no maior estilo deixa-que-eu-cuido-de-você, mas aquilo era muito absurdo. Era quase escravidão. E pior: ela  fazia tudo sorridentemente.


Tango ao vivo no Baar Fun Fun.

E o onde é que eu quero chegar com isso? Não posso pensar nos indicadores de bom desenvolvimento do Uruguai e deixar de comparar com os papéis estabelecidos para homens e mulheres no país. Aliás, tomo a liberdade de dizer que esses papéis se estendem para aquela região, incluindo o extremo sul do Brasil. E esta região não é a única a restringir o papel feminino.


Resumindo, ninguém é melhor que ninguém. Penso que homens e mulheres são diferentes, seus corpos funcionam de maneiras apenas semelhantes. E essa diferença é fantástica e é ela que garante a continuação da humanidade. Mas todos merecem ser tratados com o mesmo valor, seres capazes de agir e pensar. 


Abaixo o machismo.
E abaixo o feminismo. 
Viva a terceira margem (sim, aquela de Guimarães Rosa)!


P.S.: Adorei o Uruguai! Adoro diferenças!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Nó na Garganta

Uma amiga divulgou esta tirinha no Facebook. Como adoro ler quadrinhos sobre (quase) tudo, fui checar. E meu sentimento foi exatamente esse: nó na garganta. E vocês só precisam ler a tirinha logo aí embaixo para entenderem o meu sentimento.

Antes de mais nada, registro aqui os créditos. A tirinha original é do site "What is deep fried", onde outras duas estórias da personagem 'Clarissa' podem ser lidas. O blog que postou esta tirinha com os balões de diálogo já traduzidos para o português é o "Escreva Lola escreva".

Para ler os quadrinhos num tamanho maior, basta clicar em cada uma das imagens.






Acho que não há dúvidas sobre o que está acontecendo com a Clarissa, né?  :/

sábado, 2 de julho de 2011

Mais Clarice...

"Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos."


(Clarice Lispector)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Enfim, sós!

Não passo por aqui desde que minha saga casamentícia começou a esquentar... Os preparativos, o outro blog, a lua de mel, as listas de presentes, enfim, tudo me dificultou a frequência! Peço desculpas pela milionésima vez...

Bem, considerando que o tema casamento não me abandonou ainda, afinal de contas, nem três meses se passaram, venho, mais uma vez, dar meus pitacos sobre isso... A origem deste post remete a uma notícia recente sobre um querido amigo meu (já aviso que não vou citar nomes por aqui...), que, no auge de seus 20 aninhos, anunciou o seu casamento. "Opa! Pára tudo! Como assim?!" (Estão vendo? Já sei como vocês estão reagindo. E eu também reagi assim.) E digo mais: a questão da idade não foi dos maiores agravantes.

O meu amigo fofo conheceu a sua agora-noiva há apenas três meses atrás. E eles se encontraram 'fisicamente' umas três vezes. E se falaram virtualmente umas três centenas de vezes. E todo mundo não consegue entender o que está acontecendo com o cara-projeto-de-garanhão do grupo.

É claro que, depois de tomar conhecimento de tudo isso, foi impossível não pensar na minha própria experiência, nas coisas que já assisti por aí, nas consequências de se casar mais cedo ou mais tarde, nas partes boas e ruins de uma relação entre duas pessoas debaixo do mesmo teto. Enfim: estou preocupada com meu amigo.

Antes de oficializar o casamento, eu e o Marcio já morávamos há algum tempo juntos, por questão de logística (e outras cositas más...). Somando tudo, desde o dia em que nos conhecemos até o dia do casamento, passaram-se 3 anos, 7 meses e 9 dias. É óbvio que jamais vou dizer que eu o conheço muito bem, porque muito tempo se passou, mas posso afirmar que tive algum tempo para avaliar alguns aspectos que acho relevantes sobre a personalidade dele, os hábitos, as manias... 


Não sou nenhuma mestre no quesito casamento, mas já concluí que a vida de casado merece um tratado! Tudo é muito complexo, mesmo já tendo algum conhecimento sobre o parceiro. Já quis matar o Marcio algumas vezes, já quis viajar pra algum lugar bem longe e SOZINHA, já curti e odiei a rotina... É muita coisa! ;)

No final, o que me mantém com ele é um amálgama de sentimentos que vai desde a parceria, passa pela paixão pelo amante e termina no amigo. Acho que é isso que pode definir amor. Pelo menos, pra mim. E tem mais: descobri também que eu não amo o Marcio todos os dias. Ninguém consegue fazer isso. Tem dias em que você está emburrado, de saco cheio e não vai conseguir dizer que ama honestamente. Então, é melhor não fazer. E a pessoa que está com você tem que entender isso. Do contrário, não tem futuro.

Outra coisa: ninguém é de ninguém. É a mais pura verdade. Não dá pra achar q o outro vai te pertencer depois do casamento. Aliás, para o bem do casamento, é melhor que os dois tenham seus amigos juntos e separados da relação, que tenham relações fortes além daquela que existe com o parceiro. Isso ajuda a aliviar a pressão.

Last but not least, e já falei sobre isso aqui no blog, a gente tem que se casar pelo motivo certo. Não o que todo mundo diz que é certo, mas o seu motivo certo, aquele que vai sustentar a sua motivação naquela relação. Afinal, quem vai encarar o "enfim sós" é você e  quem você escolheu para estar lá.