sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Mais uma vez, fim!


Fim de mais um ano. E cada vez mais o tempo passa mais rápido. Este ano, especificamente, consolidou minha permanência no cerrado: me estabeleci no trabalho; conheço não só o Plano Piloto, mas também os arredores de Brasília; já digo "meu médico", "minha terapeuta" pra chamar os profissionais que me atendem em Brasília; comprei um armário pra colocar minhas roupas (Sim, até setembro eu guardava tudo em malas... Minha mãe disse que não volto mais para o Rio depois desta aquisição...); tenho conta na locadora de filmes da minha quadra; tenho lugares favoritos pra beber e comer (e já indico até itens dos cardápios para outras pessoas de Brasília!); meus sapatos já estão avermelhados da terra de Brasília (não é falta de limpeza; a terra vermelha daqui realmente impregna!); e, talvez o principal, fiz amigos. Sim, fiz amigos pelos quais já tenho um carinho enorme... Pessoas que, muitas vezes, assim como eu, buscam fazer amigos numa terra que não é a sua. Neste ano que passou, eu fiz amigos, apesar do meu curto tempo em Brasília!

Mas será que o tempo é importante? Quanto tempo é necessário pra marcar a vida de alguém? Se eu me mudasse de Brasília hoje, será que as pessoas comentariam nos círculos que freqüento sobre a minha breve existência por lá? Será que as pessoas já dizem: "A Bianca adora beber aqui! O que será que ela tá fazendo agora?" Pois é... Não sei! Só sei que eu já me lembro de algumas pessoas de lá quando faço coisas simples, como tomar um café expresso, ir ao cinema ou jogar video game. Acho que isso quer dizer que o tempo é algo muito relativo. Ele pode passar rápido pra uns, devagar pra outros; pode ser muito significante ou não representar nada de novo. E, ainda assim, permanece tempo. Tempo que passa, tempo que não volta. Tempo.



P.S.: Meu tempo agora é medido por uma ampulheta de terra vermelha. =)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Saudade

Um dia, cantaram essa música pra mim... Não sei o nome da música, nem o compositor, muito menos o intérprete, mas ela faz muito sentido. Decidi postá-la hoje, num momento de nostalgia, pisando no Rio de Janeiro novamente.

"Saudade até que é bom.
Melhor que caminhar vazio.
A esperança é um dom
que eu tenho em mim.
Eu tenho sim."

domingo, 2 de dezembro de 2007

One Art




Decidi postar este poema da Elizabeth Bishop, porque tenho pensado muito no desprendimento, aquilo que tanta gente aconselha que tenhamos; desprender-se das coisas, das pessoas, dos lugares... Será mesmo possível fazê-lo?
Caros leitores, com vocês a resposta de Mrs. Bishop!

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One Art

The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

--Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.

Tradução:
Uma Arte
A arte de perder não é difícil de aprender;
tantas coisas parecem feitas com o propósito
da perda, que o perdê-las não é desastre.


Perca algo a cada dia. Aceite o susto
de chaves perdidas, e a hora desperdiçada.
A arte de perder não é difícil de aprender.

Pratique perder mais coisas, perder mais rápido:
lugares, e nomes, e onde pensou passar as férias.
Nenhuma destas perdas trará desastre.

Perdi o relógio de minha mãe. E olhe! A última,
ou a penúltima, de minhas três casas queridas se foi.
A arte de perder não é difícil de aprender.

Perdi duas cidades, tão deliciosas. E, pior,
alguns reinos que tive, dois rios, um continente.
Sinto falta deles, mas não foi um desastre.

--Até mesmo perder você (voz que ria, um gesto
que amo), mentir não posso. É evidente:
a arte de perder não é tão difícil de aprender,
apesar de parecer (Escreva!) parecer um desastre.