terça-feira, 16 de outubro de 2007

Coisinhas...

Arrumava as minhas malas para aproveitar as minhas merecidas férias, separando o que era necessário do que era extremamente necessário, quando me peguei encontrando objetos carregados de memória. Sim. Sabe aquelas coisinhas que ficam guardadas nos fundos das gavetas ou esquecidas numa mala, ou, ainda, perdidas no armário? Pois é. Estou falando dessas coisinhas que carregam consigo histórias gigantes, momentos marcantes, de riso e de dor, e que, ao pegá-las, a gente sente uma corrente passando por dentro, seguindo direto para o cérebro e sente, então, bater mais forte o coração. E a gente senta, pasmado, vendo um filme passar e revive tudo o que, provavelmente, sofreu para sufocar. Ou, ainda, se enche de entusiasmo ao tocar o ingresso do show daquela banda, momento no qual você atingiu o êxtase cantando com as mãos para o alto. Ou aquela caneta que já não escreve mais, mas foi a cúmplice de tantos cartões escritos em nome de um amor que jamais acabaria. Aquela meia que já não tem mais o par, mas que já te aqueceu tantas vezes naquelas noites solitárias em frente à TV na sala de estar...
Nós temos um museu particular dentro das gavetas, malas e armários que nos permitem fazer memória da nossa história, reviver sentimentos e, talvez, entender um pouco mais o que somos e como chegamos até aqui. Por outro lado, pra caminhar pra frente, creio que seja necessário jogar fora algumas coisinhas ou armários inteiros. Penso que a nostalgia pode ser altamente maléfica para aqueles que precisam descobrir o novo, desbravar o futuro. Não acho razoável ficar apenas preso ao passado, colecionando estes objetos em caixas sem fim. Até mesmo porque, dentro dessas mesmas caixas, estão estocados amarguras e rancores, além das alegrias e fervores. Uma faxina de vez em quando é pra lá de necessária pra deixarmos o peso do passado pra trás e conseguirmos a leveza necessária para seguir adiante.
Não sei porquê, mas me veio um trecho de música cantada pela Maria Bethânia nesse momento... Vou colocá-lo aqui:
"Cada um de nós compõe a sua história
e cada ser em si carrega o dom de ser capaz
e ser feliz."

3 comentários:

  1. Exelente o seu texto. Caiu como uma luva para o momento que estou vivendo. Realmente, para seguir em frente é necessário dispensar a nostalgia. Para seguir em frente é necessário uma faxina. Foi o que fiz. E vou em frente.

    Ah! Eu sou a mãe do Márcio

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  2. Pois é, Bianca. Sei como é duro olhar coisas que trazem memórias tão pungentes e ter que decidir se as jogamos fora ou não. Já passei por essa situação umas vezes e posso te dizer que o tamanho da dor ao jogar tais "coisinhas" fora é tão grande quanto a liberdade e a sensação de vitória que alcançamos depois, algum dia.
    bj

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  3. Obrigada pelo elogio, Mariza! =)
    É ótimo saber que você também visita este espaço. Volte sempre!

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